Autoridades receiam ataque terrorista químico
06-11-2010
Por Valentina Marcelino em DN.
http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1704383

A PSP já pediu à GNR que se prepare para intervir num cenário de ‘bombas sujas’
O Grupo de Prevenção, Protecção e Socorro (GIPS) da GNR começou esta semana a treinar os seus militares para uma intervenção num cenário de ataque terrorista de natureza química, durante a Cimeira da NATO. Esta é uma das quatro ameaças que a PSP – entidade responsável pela Operação de Segurança do evento – colocou no topo das mais prováveis, tendo em conta as informações trocadas com os serviços de segurança europeus e norte-americano.
Os outros três piores cenários, que a PSP considera possíveis e para os quais definiu um planeamento de intervenção, são um ataque terrorista convencional, através de meios aéreos ou navais; bombistas suicidas ou carros- -bomba; e motins de ordem pública, com elevada violência, realizados por manifestantes de grupos extremistas.
O presidente do Observatório de Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo, José Manuel Anes, concorda com esta selecção. “São todas as possibilidades mais fortes. É suficiente”, sublinha. “Estamos numa situação muito crítica em termos de segurança e as nossas polícias têm de se preparar para o pior”, acrescenta.
A GNR tem equipamento topo de gama para uma intervenção em cenários de ataques com as chamadas “bombas sujas”, que podem ser de natureza nuclear, radiológica, biológica e química (NRBQ). Neste momento, no quartel-general do GIPS, há treinos diários com as duas principais viaturas – uma de intervenção rápida e outra de intervenção táctica – com capacidade para fazer a detecção e identificação dos produtos químicos utilizados num engenho explosivo; fazer o cálculo das áreas afectadas e a inactivação das ditas “bombas sujas”. A GNR tem também preparadas tendas de descontaminação individual e colectiva, estas últimas com capacidade para descontaminar 60 vítimas por hora.
Durante os dias da cimeira, todo este equipamento e os seus operacionais, que têm na linha da frente os homens do Centro de Inactivação de Explosivos e Segurança em Subsolo, têm um grau de prontidão de cinco minutos e estarão em permanência de serviço.
Num recente encontro com peritos em terrorismo de todo o mundo, que se juntaram em Israel, a possibilidade de um ataque terrorista químico foi considerada como a mais provável de acontecer, no mais curto espaço de tempo, num país ocidental. “Porque o engenho é muito fácil quer de fabricar quer de comprar os seus componentes, tal como usá-los. Hoje em dia, a maior parte dos grupos terroristas usa os EEI (engenhos explosivos improvisados), que contêm alguns ingredientes químicos que, se retirados e misturados com outros, resultam num “veneno”, em vez de uma bomba. O know-how é muito simples e não é preciso sequer laboratórios sofisticados para o produzir”, explicou na altura o presidente do Instituto Internacional contra o Terrorismo, Boaz Ganor.
A Cimeira da NATO vai acontecer, como lembra José Manuel Anes, numa altura de “confluência de ameaças de vários tipos, desde as ameaças islâmicas, que têm acontecido por toda a Europa, às mais recentes “encomendas” armadilhadas na Grécia.